domingo, 13 de janeiro de 2008

Arte & Manhas (Poesia)

Kleber Torres


Julho 1988

"O menor em lugar do maior"
James Joyce, in Giacomo Joyce


Apresentação


- Prazer, John Tex !


Diagnóstico

- O homem tá fodido !


Pessoa

Na vida ,
o poeta finge.
Dor.


Energia

É é igual a MC²
e o caralho ,
a quatro...


Fome

Sem metáforas e em silêncio
a fome come o homem:
lampejos de inanição.


Pre(texto)


De a até z
o azo
que sai da axila do corvo
e o boato, na boca do povo.

Drumoniana I

Vi arcturus
cão mijando no muro
e este verso duro
numa parede de estrelas


Vôo



Nas tuas asas de acrílico
o vôo rasante da águia
cortando o silêncio etílico

Elogio


Lá vai o capenga para o trabalho !...
- Êta cabra retado!!!!


Violência I


Rambo ficou no meio da rua
numa dança de sombras
mambo ou calipso 45.


Violência II


No alto do morro
Tiros traçantes de metralhadora
Contra gritos inúteis de socorro

Paranóia



Medra
o medo na pedra :
merda !...

Césio 147



Em síntese,
nem os números definem a morte
nem a sorte que gira na roleta
ou o silêncio eternamente nuclear


Opções



Com coca & cola
os cheiros da fantasia.

Questionamento



- Você já viu veado com asas


Pré(visão)



- O cacau vai cair !...


Amor

Depois,
há a primazia do nada sobre o ser
a morte da vontade de possuir o mundo


Função


O poeta não se omite
nem aceita a cooptação
ele prefere a catástrofe, a explosão.


Pássaros



Gil,
engendra rouxinóis...
e Caetano ,
ave.

Hai - Kai


Navega o poeta em nau incerta
e entre versos e risos,
vai contestando a festa.

Hai - Kai II

Devastam o pasto
deserto vasto e antecipado
matando os sonhos de amanhã.


Hai - Kai III


Depois do fogo e da queimada
Um mar de devastação :
cheiro de morte e cinzas no chão.

Hai Kai IV


Acima do lastro do muro
a inusitada violência
ou o murro no escuro .


Hai Kai V


Não vejo novela
nem enrêdos furtivos :
a vida é minha tela.


Hai Kai VI



Do lixo atômico :
teus beijos de plutônio
e abraços de césio .



Ritmo joiceano


Contratransmagnifiendjudeibumbatancialidade



In(certezas)



O poeta não sabe da sorte
nem da vida ou da morte,
nem se esconde...

Síntese

És
que
cimento.



Tempo


A vida é um relógio
um sempre tique-taque,
depois, pára..